26 Setembro 2018
O juiz indicado ao Supremo Tribunal Brett Kavanaugh, hoje acusado de agressão sexual, se formou na Preparatória da Georgetown em 1983.
A reportagem é de Kelly Sankowski, publicada por Catholic News Service, 25-09-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Em uma carta à comunidade escolar, o diretor de uma escola de ensino médio jesuíta em Washington enfatizou a missão das escolas de formar "homens para os outros" e refletiu sobre a necessidade de avaliar a cultura da escola diante desse valor.
A carta vem na sequência de uma alegação de má conduta sexual levantada contra o juiz Brett Kavanaugh, graduado em 1983 na Escola Preparatória da Georgetown e que foi nomeado para servir na Suprema Corte dos EUA, supostamente ocorrida em North Bethesda, Maryland.
No dia 16 de setembro, Christine Blasey Ford, aluna da Holton Arms School em Potomac, Maryland, acusou Kavanaugh de agredi-la sexualmente em uma festa cerca de 36 anos atrás, quando ela tinha 15 anos e era estudante do ensino médio.
No fim de semana, uma segunda acusação de má conduta sexual foi levantada contra Kavanaugh, que data de seu primeiro ano na Universidade de Yale. Kavanaugh, que atua como juiz no Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia, nega veementemente ambas as alegações.
Nas semanas que se seguiram à primeira denúncia, surgiram notícias sobre consumo excessivo de álcool e má conduta sexual por parte dos estudantes da Georgetown nos anos 80.
Em sua carta de 20 de setembro, o diretor da escola, padre jesuíta James Van Dyke, observou que é um "momento desafiador" para a escola sob todos esses relatórios.
“É um momento para continuarmos a avaliar nossa cultura escolar e pensar profundamente sobre o que significa ser 'homens para os outros' e os verdadeiros valores da nossa escola”, disse Van Dyke.
O padre ainda ressaltou muitos pontos fortes da ênfase da escola em formar "homens para os outros", como o Programa de Serviço Cristão e estudantes que se voluntariam em programas como as Special Olympics (Olimpíadas especiais, em português). Mas, ao mesmo tempo, ele reconheceu: "Não é que nossos alunos sejam perfeitos. Eles ainda estão aprendendo, e esperamos que continuem, não apenas no nível intelectual, mas no espiritual, moral, psicológico, níveis sociais e interpessoais também".
“Neste momento, a escola espera ajudá-los a desenvolver um senso próprio e uma saudável compreensão da masculinidade, em contraste com muitos dos modelos e caricaturas culturais que eles veem", disse Van Dyke.
"É hora de falar com eles de forma honesta e direta sobre o respeito pelos outros, especialmente pelas mulheres e outras pessoas marginalizadas", continuou.
"Temos plena consciência de que são homens jovens - adolescentes - e que essas lições costumam ser difíceis de aprender pois requerem que os rapazes superem suas inseguranças e preocupações pessoais, que vão além do que é presumido como cultura popular", ressaltou o diretor.
Van Dyke observou que se orgulha do corpo docente e da equipe da escola, que servem como modelos e dedicam seu tempo e esforço para ensinar a seus alunos essas lições.
O diretor também respondeu à "caricatura" que foi pintada da escola, que ele descreveu com a impressão “de que somos de algum modo elitistas, privilegiados, indiferentes".
Van Dyke reconheceu que há verdade nisso, dizendo que eles são de elite porque "todo estudante é escolhido por seu potencial pessoal, independentemente da necessidade financeira, e cada membro do corpo docente é escolhido precisamente porque achamos que ajudarão a construir uma comunidade boa, responsável e solidária para nossos alunos".
Ele acrescentou que são privilegiados por causa da generosidade de seus ex-alunos que fizeram doações à escola, professores e funcionários, que são "acima da média".
O padre negou a acusação de que a escola tem direito ou indiferença porque "uma das lições mais importantes é viver e ensinar nossos alunos uma ética de serviço, compaixão e solidariedade com os necessitados", enfatizando que esse tempo turbulento serve para renovar seu compromisso com essas qualidades.
Van Dyke mencionou muitos exemplos das pessoas que cuidam da comunidade escolar, como ex-alunos que financiam bolsas de estudo para estudantes mais pobres, pais que doam tempo e dinheiro extra para "as famílias humildes", e o programa Community of Concern, que "ajuda os novos pais a lidar e educar seus filhos sobre o falso fascínio do álcool, drogas, tabaco e outros hábitos destrutivos".
"Eu sei que nossa escola e sua comunidade estão bem preparadas e comprometidas em ajudar esses jovens a se tornarem verdadeiramente homens de fé e homens para os outros", disse Van Dyke.
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Caso Brett Kavanaugh, nomeado para a Suprema Corte por Trump. Georgetown pede mais reflexão sobre cultura da sua escola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU